Passar horas sobre a escrivaninha, debruçado sobre os livros ou computador, desde o período da manhã até a noite: essa é realidade de muita gente que estuda para vestibulares, provas de admissão ou concursos públicos.
O que acontece é que descuidar do próprio bem-estar, prejudica o desempenho cognitivo e diminui as suas chances de reter o conteúdo — habilidade necessária para garantir uma boa nota na prova, por exemplo.
A ciência já comprovou que, quando estamos em situações de sobrecarga mental, após um dia exaustivo de trabalho ou depois de longas horas de estudo, por exemplo, utilizamos um estoque limitado de energia, o que não é recomendado.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Sorbonne, na França, e publicado recentemente pela revista científica Current Biology, explica os motivos pelos quais serviços mesmo não braçais, que exigem mais do cérebro, tem capacidade de deixar as pessoas igualmente exaustas.
A resposta estaria no acúmulo do neurotransmissor glutamato no córtex pré-frontal – uma região do cérebro –, provocado por intenso esforço cognitivo. Embora o ritmo frenético seja comum à maioria das pessoas e até recomendado para quem vai encarar um desafio pela frente, a neurociência está aí para nos lembrar que não devemos comprometer nossa saúde a qualquer custo.
Afinal, só é possível aprender rápido — e com qualidade — quando o organismo está em boas condições. Ou seja, hidratado, bem alimentado, descansado e, sobretudo, saudável. Se engana quem pensa que apenas a atividade física ou alimentação interferem no nosso bem-estar, que é posta em xeque em situações de exaustão.
A relação entre sono e aprendizado
A parte mais negligenciada desse autocuidado necessário para ter um bom desempenho durante o dia costuma ser o sono, que atua na eliminação de toxinas e é essencial para a fixação das memórias. Um estudo americano revelou que o cérebro faz uma espécie de "faxina" dessas toxinas que ficaram para trás após um dia cansativo, quando se teve que pensar bastante, por exemplo.
Agora imagine que você acordou de repente após 5 horas de sono e se depara com um dilema: levantar-se da cama para adiantar os estudos ou dormir por mais 1 horinha?
A segunda opção é a mais inteligente. Segundo a neurociência, a noite de sono precisa ter, no mínimo, entre 6 e 8 horas. Esse é o tempo necessário para entrar na fase REM (sigla em inglês para “Rapid Eye Movement”, traduzindo “movimento rápido dos olhos”), etapa em que ocorrem processos fundamentais para a memória.
De acordo com um estudo recente publicado na revista Nature Aging, sete horas de descanso podem ser o ideal para algumas pessoas obterem melhor desempenho cognitivo. A pesquisa analisou os dados de quase 500 mil indivíduos entre 38 e 73 anos de idade, considerando os padrões de sono, saúde e bem-estar.
4 dicas para acelerar o seu aprendizado
Descubra o seu estilo de aprender
A ciência já comprovou que não existe uma única forma de aprender. Por isso, nem adianta insistir em métodos que você já percebeu que não estão surtindo o efeito desejado.
Se notar que o estudo está se tornando cansativo, é hora de diversificar as técnicas, testar outras formas e abraçar aquela que mais se adequa ao seu gosto: às vezes, ler não é um hábito consolidado desde a infância e se você sente dificuldade em se manter focado na leitura por muito tempo, experimente assistir videoaulas, gravar áudios, fazer anotações ou desenhar mapas mentais, por exemplo.
Não exercite apenas a mente
Quem é que vai priorizar o treino quando se tem uma pilha de apostilas para encarar pela frente? Fazer atividade física pode até parecer dispensável nesse momento, mas não é. Segundo um estudo da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, os exercícios aeróbicos, quando praticados regularmente, aumentam o tamanho do hipocampo – área do cérebro associada à memória e ao aprendizado.
O exercício físico faz o cérebro funcionar melhor, já que o organismo fica mais saudável como um todo. Além disso, a prática é associada à liberação dos hormônios da felicidade, que proporcionam a sensação de alegria, motivação e bem-estar.
Elimine o que desvia a sua atenção
Se você divide seu foco entre vários estímulos diferentes no momento em que está estudando, o aprendizado se torna mais lento e desregular. O recomendado é se manter longe dos “ralos” de atenção, como notificações do celular, redes sociais, pessoas que começam a conversar por perto e até ruídos que se intensificam no ambiente.
Estabeleça pausas
Seja para tomar um café, checar o celular, mandar uma mensagem para alguém, alongar ou ir ao banheiro, as pausas programadas são mais do que bem-vindas, isso tudo de acordo com as pesquisas comandadas por Robert Bjork do departamento de Psicologia da University of California, em Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos.
De acordo com o cientista, fazer pausas durante as sessões de estudo ajuda a memorizar o conteúdo a longo prazo. Além disso, variar o local de aprendizado aumenta as chances de recuperar algumas informações importantes.
Portando, para otimizar os seus estudos e evitar retomar várias vezes de onde parou, busque sempre por um local silencioso para não desviar a sua atenção facilmente.
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