Tanto a palavra “solitude” como “solidão” vêm do latim "solitudo"; no entanto, elas evoluíram com conotações diferentes, mesmo que os dois verbetes remetam à condição de estarmos sozinhos.
Do ponto de vista evolucionário, o Ser Humano sempre se beneficiou das conexões sociais, como vemos na formação de famílias, comunidades e do Estado. Então, o sentimento de solidão, associado à baixa qualidade dos relacionamentos, à falta de redes de apoio e ao isolamento involuntário, costuma trazer tristeza e sensação de desamparo.
Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a solidão como uma "preocupação global de saúde pública". Diversos estudos comprovam que a solidão afeta negativamente a saúde física e mental. Porém, “estar a sós” também pode ser uma escolha positiva de encontro consigo mesmo; chamamos essa condição de solitude.
A solitude, ao contrário da solidão, é tida como uma experiência positiva, que pode trazer tranquilidade, além de uma sensação de liberdade e autonomia, inclusive reduzindo o estresse do dia a dia.
Quando podemos e queremos estar sozinhos, podemos priorizar nosso tempo para coisas das quais gostamos e nos dedicar a atividades que nos dão prazer, como leitura, jardinagem, cozinhar ou até arrumar aquela bagunça que sempre deixamos para depois.
A psicóloga Thuy-Vy Nguyen, pesquisadora do Laboratório de Solitude da Universidade de Durham, no Reino Unido, é uma estudiosa do tema. Neste artigo, ela afirma que aprender a reservar um tempinho para si mesmo pode nos ajudar a lidar com o estresse quando estamos sobrecarregados.
A pesquisadora conduziu uma série de experimentos com alunos da graduação. Um deles consistia em levá-los para uma sala sem portar nenhum objeto distrator, como livro ou celular, para que se sentassem em silêncio. Depois de 15 minutos, eles relataram que emoções como ansiedade e excitação foram reduzidas.
Como obter ganhos com a solitude
Nguyen recomenda reservar 15 minutos por dia para praticar solitude aos poucos, até que se transforme num hábito regular. A partir desse curto período, verificamos como estamos nos sentindo e o que gostamos de fazer nesse tempo, para ampliá-lo, caso nos faça bem.
Em outro estudo, a psicóloga desafiou alunos a ficarem sozinhos por dez minutos sem fazer nada ou separando centenas de lápis em caixas. A maioria optou por separar os lápis, indicando que podemos obter os mesmos benefícios fazendo tarefas diárias, como lavar roupa ou fazer supermercado. O importante é dar uma pausa no cotidiano para voltarmos aos nossos relacionamentos renovados.
Agora é com você!
Reserve um tempo para você mesmo. Transforme a solitude em um hábito saudável, que renova sua energia e fortalece sua mente. Experimente começar com apenas 15 minutos por dia e perceba os benefícios de estar na sua própria companhia.