A cada ano, a Future Earth, uma rede que reúne especialistas de todo o mundo para promover a sustentabilidade no nosso querido planeta, lança um relatório com dez descobertas científicas que podem servir como base para a construção de políticas climáticas.
São informações importantes tanto para os “tomadores de decisão” (governos) quanto para pessoas comuns (como eu e você). Sim, nossas ações e reações em relação à mudança climática também contam.
“Os impactos das mudanças climáticas têm o potencial de ser tão abruptos e abrangentes quanto a atual pandemia. Pesquisas recentes apresentadas neste relatório mostram que impactos negativos podem ser esperados em requisitos fundamentais para o bem-estar humano, como acesso a água potável e condições de boa saúde mental”, diz a introdução do relatório, que pode ser acessado na versão digital ou em um arquivo PDF (ambas as publicações estão em inglês).
Emma Loewe, editora de sustentabilidade do site MindBodyGreen, destacou cinco dessas descobertas, que resumimos abaixo.
É preciso cortar as emissões de carbono, não apenas compensá-las
Os cientistas que pesquisam as mudanças climáticas mudaram suas estimativas para o aquecimento global. Agora, o aumento da temperatura deve ficar entre 2,5 a 4,5°C (e não mais 1,5 a 4,5°C).
“Isso significa que cenários de redução moderada de emissões têm menos probabilidade de atingir as metas de temperatura do acordo de Paris do que previsto anteriormente”, diz o relatório, que pede por redução de emissões mais agressivas. Ou seja, precisamos diminuir nossa taxa de emissões de carbono e não apenas compensá-la.
O que você pode fazer: voar menos, por exemplo, uma vez que viagens aéreas emitem muito CO2.
O derretimento do solo congelado (permafrost) pode ser pior do que se espera
As emissões de carbono que podem vir do derretimento da permafrost, a camada de solo congelada sob as geleiras, nem sempre é levada em consideração. Com o aumento na taxa de perda de geleiras, os cientistas começaram a ficar preocupados com o que está enterrado debaixo de tanto gelo. Há o temor de que o descongelamento “liberte” também doenças infecciosas antes adormecidas.
O que você pode fazer: conhecer o tamanho da sua pegada ecológica (saiba mais neste quiz) para saber quais emissões você pode cortar.
Desmatamento prejudica a capacidade de autorregulação do mundo
O relatório estima que 30% das emissões humanas de CO2 são reabsorvidas por matéria vegetal. As florestas fazem muito bem esse papel. Mas quando uma (ou várias) árvore vai ao chão, todo esse gás é liberado de volta na atmosfera.
O que você pode fazer: fortalecer a agropecuária de produtores locais.
Eventos climáticos extremos são mais “cruéis” com populações vulneráveis
Os pesquisadores preveem que eventos climáticos mais extremos acontecerão em locais que já sofrem com essas extremidades. Isso quer dizer que chuvas fortes serão mais prováveis em áreas já úmidas, enquanto a seca afetará ainda mais regiões áridas. E aqueles que vivem em áreas pobres são, segundo o relatório, desproporcionalmente mais afetados por eles.
O que você pode fazer: informar-se sobre os eventos climáticos extremos e trazer para a conversa do dia a dia com amigos e familiares para que todos saibam a importância de cuidar do meio ambiente.
Mudanças climáticas trazem também impacto mental
O relatório aponta que as mudanças nas condições climáticas afetam a nossa saúde mental, “incluindo o aumento do risco de estresse, ansiedade, depressão e podem até resultar em um risco aumentado de suicídio”.
A jornalista especializada em sustentabilidade apresentou duas palavras que ilustram os efeitos da mudança climática sobre a saúde mental: “ecoansiedade” (ou seja, a sensação negativa motivada por um futuro mais quente) e “solastalgia”, um neologismo para descrever a angústia de ver as mudanças que acontecem no seu entorno.
O que você pode fazer: usar a ecoansiedade como combustível para realizar ações em favor do meio ambiente.
Quais são as outras cinco descobertas?
- Os governos ainda não estão aproveitando a oportunidade para uma recuperação verde propiciada pela pandemia de covid-19.
“Os pacotes de estímulo econômico dos governos moldarão as trajetórias das emissões de gases do efeito estufa nas próximas décadas – para melhor ou para pior.”
- A pandemia de covid-19 e as mudanças climáticas demonstram a necessidade de um novo contrato social.
“Algumas comunidades e governos demonstraram que os riscos do covid-19 podem ser tratados com respostas inovadoras locais, nacionais e internacionais, e respostas globais mais fortes são necessárias.”
- Estímulo econômico não deve focar apenas no crescimento.
“Investimentos verdes e mudanças sociais são necessários imediatamente.”
- A eletrificação urbana é um facilitador para a descarbonização.
“Reduções na poluição do ar local e melhorias na saúde e na qualidade de vida são cobenefícios tangíveis da eletrificação urbana.”
- Ir à Justiça para defender os direitos humanos pode ser uma ação climática essencial
“Os tribunais se tornaram uma das linhas de frente para aqueles que buscam limitar as mudanças climáticas.”