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Como desenvolver uma atitude empreendedora?

Apesar de muita gente ligar empreendedorismo a negócios ou a sacadas geniais, uma atitude empreendedora começa quando buscamos encontrar uma solução para um problema

Como desenvolver uma atitude empreendedora?

Você acredita ter atitudes de uma pessoa empreendedora? Podemos até ter a impressão de que o conceito está muito ligado aos negócios, mas, diariamente, nos deparamos com situações que podem demandar uma atitude empreendedora. Só não prestamos tanta atenção. 

Por exemplo: provavelmente, a resistência do chuveiro da sua casa pode ter se queimado e você mesmo fez a troca. Se durante a instalação da nova peça surgiu  uma ideia sobre como aumentar a vida útil e você a colocou em prática, parabéns! Você teve uma atitude empreendedora. 

“Mas, como assim?”, você pode se perguntar. Porque quando temos um propósito, quando temos uma dor a qual precisamos resolver, buscamos meios de alcançar um resultado ou uma solução. 

Ter essa mentalidade empreendedora, por sinal, é uma tendência — talvez até uma necessidade. Veja só: a expectativa de vida dos brasileiros aumentou pouco mais de 30 anos entre 1940 e 2019. O que você vai fazer nessas três décadas a mais? Como você vai sustentar a sua longevidade?

No mês em que o Dia Internacional do Trabalho é celebrado, descubra como destacar sua veia empreendedora para tentar tirar aquela ideia do papel ou fazer a diferença no seu trabalho (sim, o empreendedorismo também é valorizado no mundo corporativo). E aqui vai um spoiler: empreender nem sempre tem a ver com alta inovação ou a ideia mais genial de todos os tempos.

O que é ter uma atitude empreendedora?

Tudo bem achar que empreender é pensar em algo que ninguém nunca pensou ou que nunca existiu, mas, na verdade, ideias mais simples também são exemplos de empreendedorismo. 

Esmeralda Queiroz, consultora de negócios do Sebrae, explica: “se você mora em uma cidade em que não há uma loja ou comércio voltado para hortifrúti e as pessoas reclamam que não existe um lugar para comprar produtos de qualidade, você pode inovar abrindo uma quitanda. Nessa cidade e nesse contexto, isso pode ser inovação.”

Ter uma atitude empreendedora é, então, resolver problemas. “É conseguir detectar e solucionar com eficiência uma dor real do mercado, seja na empresa em que trabalha ou em seu próprio negócio”, concorda Mauro Wainstock, sócio-fundador do HUB40+ e um dos LinkedIn Top Voices.

Foi assim que Beatriz Cricci criou a Br Goods, uma empresa que fabrica cortinas divisórias de leitos hospitalares e para boxes de banheiros de várias redes de hotel. “Meu pai tinha uma casa na praia e sugeri comprar uma cortina de box para o banheiro. Fui procurar e achei as opções caras nas lojas, então pensei ‘vou fazer’”. Após buscar os materiais necessários, ela usou o chão do próprio apartamento para confeccionar o produto.

A ideia fez sucesso entre as amigas de Beatriz, que decidiu confeccionar mais cortinas e tentar vendê-las no comércio local. “Lembro que passei dez vezes na frente de uma loja até criar coragem e tentar vender as cortinas. A pessoa dessa loja chegou a comprar todas”, recorda-se.

Com a ideia tirada do papel e com a Br Goods tomando forma, Beatriz começou a se especializar para entender como tocar o negócio da melhor maneira possível. Ela mesma brinca que, nesse período, tornou-se a “filha do Sebrae” ao buscar e fazer todos os cursos que poderiam complementar sua formação. “Quando eu trabalhava em uma empresa, achava que sabia de tudo. Mas ao abrir meu negócio, descobri que não sabia de nada”, conta.

O empreendedorismo está no DNA?

A resposta para essa pergunta é: “não!”. Apesar de algumas teses apontarem a herança genética como fruto do empreendedorismo, o artigo “O que é ser empreendedor”, escrito por Adriane Alvarenga da Rocha Pombo e disponível na biblioteca do Sebrae, destaca que atitudes empreendedoras são resultados da vivência que uma pessoa tem com a família, escola, amigos, trabalho e sociedade em geral. 

Essa vivência, afirma Adriane, acaba favorecendo o desenvolvimento de alguns talentos, assim como bloqueando e enfraquecendo outros. Daí a importância da capacitação para desenvolver a atitude empreendedora. É a busca por informação, treinamento e aprendizado que fará com que enxerguemos detalhes que, apesar de passarem despercebidos num primeiro momento, são importantes em todo esse processo. 

Tanto que aprender a empreender pode começar ainda nos primeiros rascunhos de uma ideia. “Ao fazer um curso, a pessoa entenderá que ela não precisa esperar que os outros resolvam o problema dela, mas ela passa a buscar soluções para o problema”, comenta Esmeralda Queiroz, do Sebrae.

Nesse sentido, as pessoas que empreenderam por necessidade e querem fazer o negócio prosperar devem buscar, constantemente, pela capacitação. 

Bem da verdade, essa dica vale tanto para os donos (ou futuros donos) de um negócio ou para quem está empregado ou buscando uma recolocação. “O tripé ‘educação-emprego-aposentadoria’ já virou obsoleto”, sentencia Wainstock. “Estar sempre atualizado, inclusive para ter condições de se reinventar e encontrar novas oportunidades, demonstrar resiliência e inteligência emocional, ter adaptabilidade e ser assertivo na comunicação tornaram-se exigências, e não mais vantagens competitivas”, explicou.

Empreender é para todos

O “todos” do título deste tópico é todos mesmo. Há inúmeros relatos de quem começou do zero (você pode ler alguns nesta matéria da Exame). Outros tantos de quem começou algo promissor depois de passar dos “entas” (veja algumas dessas histórias nas matérias da BBC, do UOL e da Pequenas Empresas, Grandes Negócios).

O sócio-fundador do HUB 40+ destaca que o empreendedorismo 50+ é o que mais cresce em relação às demais faixas etárias, enquanto empresas com sócios acima dos 60 anos têm 24% a mais de chance de ser saudáveis no mercado em que estão inseridas. 

Segundo o Sebrae, pessoas mais velhas reúnem características ideais para o empreendedorismo, entre elas o medo dos riscos e apostar na realização profissional ao abrir um negócio.

“A ideia pode ser transformada em oportunidade quando tem gente disposta a pagar por ela. Ou seja, quando a ideia tem valor aos olhos dos outros.”
Esmeralda Queiroz

Se tudo der certo, aquela ideia que você teve para resolver um problema pode ir crescendo, crescendo e crescendo até vir a necessidade de formar uma sociedade para ampliar os horizontes ou contratar pessoas para dar conta do recado. Com isso, aquele empreendedor lá de trás, que pensou numa solução inovadora, torna-se um líder e ganha novas responsabilidades.

Se você acha que as atitudes empreendedoras acabam por aí, ledo engano. 

Quando a Br Goods foi criada, apenas Beatriz produzia as cortinas, e o fazia no chão de casa. Porém, a alta demanda e seus outros desafios fizeram com que ela precisasse contratar mais fornecedores e funcionários. Hoje, a empresa conta com mais de 20 empregados e já atendeu mais de 2 mil clientes. O segredo do sucesso, garante Cricci, é o estímulo ao empreendedorismo que ela oferece aos colaboradores.

Na visão da empresária, a atitude empreendedora aplicada ao seu negócio significa entender qual é o propósito da empresa para definir os próximos passos de maneira colaborativa. “Muita coisa que eu reestruturei na Br Goods foi a partir da escuta dos funcionários. O resultado foi que conseguimos reduzir os custos e aumentar a produção”. Para ela, nenhuma empresa vai sobreviver se não trabalhar o empreendedorismo de seus colaboradores. “Precisamos de pessoas pensantes e atuantes”, conclui.
 

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