Z7_MPD81G80POKE40Q6UH34NG3002

Crise e oportunidade

Quais oportunidades a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus pode trazer? Bases sólidas para futuros desafios, fortalecimento da cultura do cuidado e da prevenção e valorização dos idosos.

Crise e oportunidade

Quais oportunidades a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus pode trazer? Bases sólidas para futuros desafios, fortalecimento da cultura do cuidado e da prevenção e valorização dos idosos.

Em mandarim, não existe uma diferença entre as duas palavras que estão no título deste texto. Onde há crise, há oportunidade. É óbvio que estamos vivendo a maior crise sanitária dos último 100 anos, mas as oportunidades que se abrem são múltiplas e, creio, duradouras.

Antes de tudo, pandemias aceleram a história. A Peste Negra desencadeou o iluminismo da Renascença e anunciou o fim do absolutismo. As epidemias de cólera na Europa no século 19 levaram a avanços imensuráveis no conhecimento científico. A febre amarela prevalente no Rio de Janeiro na virada para o século 20 levou a uma renovação urbanística cuja pegada se percebe até hoje no traçado do centro histórico da cidade, influenciando o desenvolvimento urbano Brasil afora.

A pandemia de covid-19 acelerou pesquisas biológicas por todo mundo. Em tempo recorde, mais de 100 vacinas entraram em testes, muitas já disponibilizadas por terem sido demonstradas seguras e eficazes. Futuros desafios encontrarão bases sólidas para respostas científicas ainda mais imediatas. Basta para tal dar lugar à ciência, nela investir e seguir preceitos – não superstições e crenças nas soluções mágicas infundadas.

Fortalecimento da cultura do cuidado e da prevenção

Mas há outras oportunidades notáveis que a pandemia deixará como legado no campo da saúde.

Entre elas, a valorização de medidas preventivas, a percepção de que nossos hábitos e estilos de vida têm imensa importância face a “inimigos invisíveis”. Isso reforça a mensagem da promoção da saúde que transcende a mera ameaça representada por uma epidemia à saúde coletiva.

Como afirmado pela Organização Mundial da Saúde em 1986, na Carta de Ottawa da Promoção da Saúde , “a saúde é criada no contexto do dia a dia, onde e como vivemos, trabalhamos, nos divertimos, nos locomovemos, nos amamos”.

Minha sábia avó costumava dizer que “em casa onde não entra o sol, entra o médico”. Já há evidência de que a humanidade está mais aberta para a adoção de hábitos saudáveis. Governos estão se comprometendo com renovado vigor com as Metas de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, com a percepção de que o desenvolvimento baseado nelas é imperativo se quisermos que as crianças de hoje recebam de herança um mudo em que possam envelhecer com mais segurança, mais protegidas.

E, sob esse aspecto, há outra oportunidade que o mundo pós-pandêmico deixa vislumbrar. Trata-se da criação de uma cultura do cuidado, de práticas de saúde mais humanizadas, nas quais a empatia e a solidariedade encontrem lugar central.

Creio, na verdade, que essa mudança de paradigma já se iniciou. Os grandes heróis e heroínas no enfrentamento à pandemia são anônimos. A começar pelos profissionais da saúde, que seguiram cumprindo seu papel de guardiões e cuidadores – ainda que exauridos.

Também na comunidade em geral, ao cuidado aos que perdemos, segue-se os cuidados aos que se recuperaram com sequelas e aos que tiveram seus problemas crônicos de saúde agravados. A solidariedade aos ameaçados pela fome, o gesto acolhedor de mãos amigas, muitas vezes anonimamente.

E aqui, outro legado da pandemia. Nós, idosos, estamos, sim, entre os mais vulneráveis. Mas, passada a tempestade, cumpriremos nosso papel – afinal, estamos também, na sociedade, entre os mais resilientes. Já passamos por poucas e boas. Abraçaremos e acalentaremos, mostraremos a luz no final do túnel. Assim foi e sempre será.

Z7_MPD81G80P0JIE0QLG5MKSBHBH1
Complementary Content
${loading}