Duas pesquisas recentes mostram que o cuidado ao bem-estar físico e mental deve ter uma especial atenção no tratamento de pacientes com câncer de mama. Em artigo publicado no site Viva Bem, Fernando Maluf, médico e diretor do Centro Oncológico do Hospital Beneficência Portuguesa, destacou a importância da promoção deste cuidado em mulheres que lutam para vencer a doença.
Um dos estudos mediu a associação entre a prática de exercício e a função cognitiva. E aqui vale um adendo. Em seu artigo, o especialista explica que alguns mulheres podem sofrer um declínio cognitivo (passageiro) enquanto realizarem sessões de quimioterapia. Esse efeito colateral recebe o nome de “chemobrain” e entre os sintomas estão confusão, perda de memória, dificuldade de concentração e redução do tempo de atenção.
Dawn Schnell, uma paciente de câncer de mama norte-americana descreveu a sensação para o site do National Cancer Institute, dos Estados Unidos: “Eu entrava em uma sala e pensava: 'Por que vim aqui?' Parecia que uma névoa mental tomava conta do cérebro e você não consegue processar (as coisas) tão bem como antes.”
O que um estudo realizado pela Universidade de Rochester (Estados Unidos) descobriu é que pacientes que realizavam a quantidade mínima recomendada de atividade física (isto é, 150 minutos por semana de exercícios moderados a vigorosos) antes e durante a quimioterapia tinham melhor função cognitiva do que as pacientes que não seguiam o recomendado.
Essas descobertas, diz Elizabeth Palermo, autora do estudo, poderiam ser úteis para prescrever um período de exercícios regulares antes de uma paciente iniciar o tratamento. Assim, a mulher diagnosticada com câncer e que passa pela quimioterapia pode manter a sua qualidade de vida e continuar tocando a sua vida.
O outro estudo citado por Maluf busca para apoiar pacientes que apresentem sintomas depressivos durante o tratamento. O “Pathway to Wellness” (Caminho para o bem-estar, em tradução livre) procurou testar a prática de mindfulness e aulas de educação de sobrevivência (batizada de survivorship education) em sobreviventes do tratamento do câncer de mama com idade até 50 anos e que apresentavam os sintomas
O grupo de mulheres que praticou as intervenções comportamentais relataram diminuição nos sintomas depressivos. Quem meditou também afirmou ter sentido efeitos benéficos na fadiga e insônia. Isso tudo durante seis meses de acompanhamento.
“Essas intervenções podem ser amplamente disseminadas em plataformas virtuais e têm um benefício potencial significativo para a qualidade de vida e sobrevivência geral neste grupo vulnerável”, concluem os autores do estudo.