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EAD: os desafios de alunos e professores na pandemia

Saiba o que especialistas dizem sobre a pandemia, os obstáculos para a adoção do ensino à distância e a desigualdade de acesso à tecnologia no Brasil

Não é só em números de casos e óbitos que se calculam os prejuízos da crise do novo coronavírus. De acordo com a Unicef, a pandemia levou à paralisação das atividades escolares em 190 países, com impacto nos estudos de 1,57 bilhão de pessoas.

 

Quase nove meses depois de seu início, enquanto boa parte dos países desenvolvidos já retornaram às aulas, no Brasil o impasse sobre a reabertura das escolas deve se arrastar ao longo de 2021. A saída foi apostar em soluções de educação à distância, baseada em tecnologia, na tentativa de mitigar os impactos da pandemia no sistema de ensino.

 

“O mais desafiador foi a ruptura”, conta Daniela Pereira, coordenadora pedagógica no Colégio Jean Piaget. “Já vínhamos investindo em ferramentas tecnológicas, mas essa ruptura com o professor deixou impactos principalmente no desenvolvimento social. As crianças estão na fase da interação, experimentação, convivência. Assim, por maior que seja a gama de possibilidades tecnológicas, acabam privadas do que lhes é mais precioso nessa idade.”

Quais os obstáculos para a adoção do ensino à distância?

 

As dificuldades apontadas por Daniela, porém, revelam apenas parte do problema para a adoção do modelo de EAD, escancarado pela pandemia.

 

Embora tenha presenciado disputas dentro de famílias pela utilização de um mesmo equipamento tecnológico — com pai, mãe e irmãos tendo que revezar na utilização de um mesmo computador — garante que nenhum aluno da instituição privada deixou de receber o conteúdo por falta de acesso à internet.

 

Por outro lado, essa é uma realidade bem diferente da maior parte do país. “No Brasil, mais de 80% das matrículas estão na escola pública, e cada uma tem condições distintas de atender aos alunos na formação e no apoio didático”, afirma Anna Helena Altenfelder, pedagoga presidente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC).

 

Números deixam claro o tamanho do desafio

- 80% dos estudantes entrevistados relatam dificuldades emocionais

- 63% sentem falta de um ambiente tranquilo para estudar em casa

- 54% acham inadequados os equipamentos utilizados

Foi o que revelou uma pesquisa organizada pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), em parceria com instituições como a Unesco e a Fundação Roberto Marinho.

 

O levantamento entrevistou 33 mil estudantes em todo o país e os números sobre as limitações do ensino à distância, agravado pela pandemia, são antes de tudo reveladores.

 

80% dos alunos relataram enfrentar dificuldades emocionais para acompanhar os estudos, como medo e ansiedade, por exemplo. Além disso, 63% deles sentiam falta de um ambiente tranquilo para estudar em casa. Por fim, 54% consideraram inadequados os equipamentos que utilizavam para estudar, seja celular, computador ou internet.

 

“Por mais que uma parcela muito relevante da população tenha acesso a smartphone e internet, o acesso é muito desigual. Eu tenho 70 gigas de internet para usar todo mês, wifi em casa, mais de um dispositivo. Eu consigo acessar conteúdos diferentes, de diferentes formas”, exemplificou Marcus Barão, que coordenou a pesquisa.

 

“Mas tem casos como o da jovem Alice, que vive no sertão nordestino, e só tem dois gigas no smartphone. Ela não consegue acompanhar as aulas. Essa desigualdade fica evidenciada. Muitos jovens não têm equipamento adequado, internet adequada, espaço adequado dentro de casa para estudar.”

Há risco de crescimento da evasão escolar?

 

Os dados apresentados pela pesquisa ficam ainda mais alarmantes quando se avalia a perspectiva de futuro desses jovens, já que quase 30% afirmaram ter considerado abandonar os estudos.

 

Dos que estão em idade de prestar o ENEM, 49% pensam em desistir por não se considerarem suficientemente prontos. “Em qualquer contexto, esse número para a evasão escolar é muito preocupante. É quase 10% a mais que em outros períodos críticos, com impacto de R$ 214 bilhões todos os anos na economia por perda de produtividade”, revela Barão.

 

Ou seja, a questão é ainda mais complexa. Isso porque as sequelas trazidas pela pandemia, e a necessidade imediata de se adotar um modelo de ensino à distância, se estendem para muito além do debate educacional.

 

“Na prática, são funções que vão deixar de serem realizadas, renda que deixa de ser gerada, exposição a outros desafios sociais, como saneamento, habitação e violência. A manutenção de um ciclo de pobreza. Mesmo o Enem não é só um ano que se perde, já que as chances desse jovem realizar a prova no ano seguinte caem drasticamente.”

Que aprendizados a pandemia trouxe sobre o EAD?

 

Para a presidente do CEPEC a pandemia deixou evidente as limitações para a ampliação do ensino à distância no Brasil. “Para aprender e se desenvolver é necessário experiências educativas, pedagógicas, em quantidade e qualidade. Nós vimos que as atividades remotas, embora importantes, não são suficientes para promover aprendizado e desenvolvimento.”

 

Isso mesmo considerando condições ideais de acesso à tecnologia. “Os que não tem são exatamente aqueles alunos e alunas com condição social mais vulnerável e precisam de mais apoio no processo educativo.”

 

“Além da importância da convivência, o aprendizado que fica é que as condições para o ensino em casa são para muito poucos. Temos que resolver a exclusão escolar, com muitas crianças ainda fora da escola, a evasão, que tende a aumentar. São muitas questões, como a desigualdade, que deveriam ser prioridade no Brasil”, continua Altenfelder.

 

“Professor é um trabalho que requer formação profissional. A maioria dos pais, com as mais variadas condições, tem dificuldades de ensinar, acompanhar o filho, pois isso exige um conhecimento profissional específico que eles não tem.”, conclui.

 

Que tal aproveitar a leitura sobre a pandemia e os obstáculos para a adoção do EAD e se inteirar sobre outros assuntos importantes relacionados ao novo coronavírus?

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