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Dezembro Laranja: a importância de cuidar da pele

O fim do ano acende um alerta: é preciso redobrar os cuidados com a pele e combater o câncer que desponta como o tumor maligno mais frequente no Brasil

O verão chega com dias quentes, longos e sol intenso. É nessa época que os raios ultravioletas incidem com mais força por aqui. E quando nosso corpo precisa ainda de mais proteção contra o câncer de pele. Mas nem todo mundo leva o sol a sério– segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 60% dos brasileiros não usam protetor solar no dia a dia.

 

Por que devemos cuidar da pele?

 

Não que as pessoas não saibam dos perigos. Em outra pesquisa, desta vez do Datafolha, realizada em 2018, 86% dos entrevistados reconheceram que a exposição solar é um dos principais fatores para o desenvolvimento de câncer de pele. No entanto, há um problema: 78% deles nem sequer sabiam o que é melanoma.

 

Trata-se do tipo mais agressivo de câncer neste órgão. A cada ano, cerca de 8 mil pessoas recebem o diagnóstico da doença e outras 2 mil morrem em decorrência dela, de acordo com o Instituto do Câncer (Inca). “Infelizmente, acreditamos que esses dados estejam subestimados”, alerta o dermatologista Elimar Gomes.

 

O alto índice de óbitos se deve ao diagnóstico tardio – poucas pessoas se dão conta da doença a tempo, quando descobrem o tumor já se espalhou por outras partes do corpo.

 

Ainda que a pele seja o órgão com maior frequência de câncer no país, representando 30% dos casos malignos, o melanoma é incomum. Cerca de 3% dos diagnósticos de câncer de pele correspondem a ele, segundo o Inca (os dermatologistas afirmam que, na verdade, esses casos representam quase 10% do total).

 

Os outros 90% são carcinomas, com baixos riscos de metástase e óbito. Isso não significa, no entanto, que devam ser ignorados. “Eles crescem localmente e podem ter danos estéticos maiores, com sequelas maiores, como a perda de um olho”, explica Jade Cury Martins, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da SBD.

 

Ou seja, ainda que em muitos casos não seja uma doença fatal, é muito importante ficar atento aos alertas trazidos no Dezembro Laranja.

 

Quando devemos iniciar os cuidados com a pele?

 

Todos esses tumores nascem com manchas ou pintas crescentes. Qualquer mancha nova e sensível, aquela que sangra até mesmo com toques delicados na pele, precisa ser monitorada. Pintas grandes e disformes também. Em qualquer desses casos, o paciente deve marcar uma consulta com um dermatologista.

 

Para alertar sobre os perigos da doença, as formas de prevenção e a importância de cuidar da pele, neste mês de dezembro, pelo sétimo ano seguido, profissionais da área da saúde se unem na campanha Dezembro Laranja. E lembram que os cuidados devem começar logo cedo: ainda na infância.

 

Os porta-vozes da vez são justamente crianças e adolescentes. “Na infância, você consegue a maior redução de risco. Quando as crianças se protegem, os índices de desenvolvimento do câncer de pele caem bastante ao longo da vida”, explica Gomes, que também é o coordenador nacional da campanha. “Outro ponto é a criação de hábitos. Os pais precisam ensinar esses cuidados aos filhos”, completa.

 

Em outras palavras, quanto mais cedo percebermos a importância de cuidar da pele, melhor.

 

O que é melanoma?

 

É o tipo mais maligno e incomum da doença. Representam menos de 10% dos diagnósticos de câncer de pele. Podem provocar metástase rapidamente – ou seja, se espalhar por outros órgãos do corpo.

 

“Com um 1 mm de profundidade na pele, aquele primeiro tracinho da régua, esse tumor já consegue fazer metástase. E a metástase do melanoma é extremamente agressiva, com chance de cura muito baixa, apenas 10% dos pacientes sobrevivem depois de cinco anos”, explica Borges. Pessoas com histórico familiar de melanoma precisam ficar ainda mais alertas e procurar um dermatologista pelo menos uma vez por ano para reforçar os cuidados com a pele.

 

Como é o tratamento nesses casos?

 

Depende do estágio da doença. Em todos os cenários, o paciente precisa passar por um procedimento cirúrgico local para retirada do tumor. Entretanto, nos casos mais avançados, com metástase, a cirurgia isolada não traz a cura.

 

Os tratamentos disponíveis são a quimio e radioterapia, imunoterapia e terapia-alvo. Essas duas últimas opções mudaram o cenário de cura – quase 50% dos pacientes sobrevivem após 5 anos do diagnóstico.

 

Quais os outros tipos de câncer de pele?

 

Carcinomas basocelular ou espinocelular. Ambos surgem na camada mais externa da pele, a epiderme, e são causados pela exposição solar. Justamente por isso, aparecem nas regiões mais expostas do corpo, como cabeça, pescoço e braços. Juntos, os dois representam quase 90% dos casos de câncer de pele.

 

O basocelular, no entanto, é o mais frequente (70% dos diagnósticos). Ele surge na parte mais profunda da epiderme e se manifesta por lesões (manchas ou pintas) elevadas, peroladas ou brilhantes, ou escurecidas, que podem sangrar com facilidade. Nesses casos, o crescimento é mais lento – só depois de dois ou três anos a mancha pode ficar realmente grande.

 

Já o carcinoma espinocelular (20% dos casos) se instala na parte mais superficial da epiderme. Essas lesões podem aparecer como verrugas ou feridas que não cicatrizam depois de seis semanas. Causam dor e sangramento e crescem rapidamente dentro de três a seis meses.

 

Como tratar carcinomas?

 

Procedimentos cirúrgicos são suficientes para curar a doença. Mas é preciso retirar todas as células cancerígenas, ou o tumor pode reaparecer. Quanto mais cedo, menor o crescimento do tumor e menor o dano estético. Se não tratado, há risco, ainda que pequeno, de metástase.

 

Quais são os fatores de risco para o câncer de pele?

 

Em casos de melanoma, o fator genético corresponde a 10% dos casos. Ou seja, histórico familiar conta – e muito – como sinal de alerta. Se algum de seus parentes receber o diagnóstico, fique atento e visite o dermatologista pelo menos uma vez por ano. Nestes casos, contar com a ajuda de um profissional é, acima de tudo, essencial nos cuidados com a pele.

 

Ainda assim, o maior risco é um só: excesso de exposição ao sol. Isso porque os raios ultravioletas são os maiores responsáveis por causar mutações nas células da pele que levam ao desenvolvimento de câncer nesse órgão.

 

Além disso, pessoas brancas também correm mais riscos. Isso porque a pele negra possui mais melanina, que funciona como um protetor solar natural. Mas, vale lembrar, ainda que seja raro, essa população também pode desenvolver câncer de pele e os cuidados também precisam ser tomados.

 

Dezembro Laranja: é preciso cuidar da pele

Todas as manchas na pele precisam de acompanhamento e cuidados?

 

Há uma regra conhecida como ABCDE para acompanhar possíveis sinais de melanoma. É preciso checar cinco fatores: assimetria, bordas (as pintas saudáveis são bem redondas), cores (pintas comuns são unicor, melanomas podem apresentar a mistura de tons marrons e pretos), diâmetro (superior a meio centímetro de diâmetro), e evolução (se crescem rapidamente). Se uma de suas lesões se enquadrar em qualquer um desses itens, procure um dermatologista.

 

Quanto aos carcinomas, vale se atentar, por exemplo, a qualquer nova mancha que sangre ou cause dor. Além disso, fique alerta a ferimentos que não cicatrizam.

 

Quais os cuidados com a pele ajudam na prevenção do câncer?

 

Cuidar da pele é essencial. Passar protetor solar com fator 30 ou superior todos os dias e se proteger do sol com chapéus, óculos escuros e tecidos com proteção contra raios ultravioletas (caso a exposição seja prolongada), por exemplo, são precauções simples que podem fazer a diferença no dia a dia.

 

Em casos de idas à praia ou piscinas, lembre-se de reaplicar o protetor solar a cada duas horas ou quando sair do mar. Da mesma forma, proteja-se com guarda-sóis ou sob a sombra de uma árvore.

 

Quais os melhores horários para tomar sol?

 

Antes das 10 da manhã e depois das três da tarde. Isso porque nesses horários a incidência de raios UV estão mais baixas – e você pode aproveitar o sol melhor, sem correr riscos.

 

Vou ter déficit de vitamina D se usar protetor solar todos os dias?

 

Viver no escuro não é uma opção. O corpo de fato precisa dos raios solares para ativar a produção de vitamina D, mas dispensa os excessos – 10 a 15 minutos no sol, por dia, são suficientes para chegar a quantidade necessária desse hormônio. “Outra coisa importante: quanto mais tempo nos expomos ao sol sem proteção, mais a pele envelhece. E quanto mais a pele envelhece, menor a quantidade de vitamina D produzida pelo corpo”, conclui Gomes.

 

Sendo assim, não há qualquer motivo para deixar de ter cuidados com a pele. Muito pelo contrário. Cuidar da pele é acima de tudo cuidar da saúde, e combater um câncer que aparece como o tumor maligno mais frequente no Brasil, correspondendo a 30% dos casos.

 

Por fim, agora que você já leu sobre o Dezembro Laranja e a importância de cuidar da pele, que tal se aprofundar em outros temas sobre alertas de saúde?

 

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