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ActionsComo ajudar alguém com Depressão
Incentivar e apoiar o tratamento terapêutico é fundamental. Mas você pode fazer mais.
Mais de 12 milhões de brasileiros sofrem com depressão. Entre os anos de 2005 e 2015, a OMS (Organização Mundial da Saúde) registrou um aumento global de 18% de casos de depressão e a estimativa é que pelo menos 30% da população mundial enfrente algum episódio depressivo ao longo da vida e que, em 2020, ela se torne a condição mais incapacitante do planeta.
Apatia, choro fácil, alteração de humor e de apetite, diminuição da libido, insegurança, medo, cansaço sem motivo aparente, sentimento de inadequação. A depressão é um transtorno psiquiátrico sem causa única que pode ser desencadeado por inúmeras variáveis, desde fatores genéticos até o ambiente em que o indivíduo está. A natureza multifacetada da doença também impacta na maneira de tratá-la, a partir de associação de tratamentos – tanto medicamentosos quanto com psicoterapia.
Sabendo ou não sobre a saúde alheia, você certamente já conviveu com alguém que sofre com depressão. Quando uma pessoa próxima tem alguma enfermidade física, tentamos auxiliá-la a se recuperar. Mas quando se trata desta condição psiquiátrica, é comum hesitarmos perdidos diante de como a depressão muda o comportamento de quem amamos. Na melhor das intenções, acabamos sugerindo ações que melhoram o nosso bem-estar, mas que não são necessariamente efetivas para mudar o estado de ânimo da pessoa em depressão.
"Emoção não é doença. Depressão é, e precisa de tratamento profissional."
Maria Rosa Spinelli, professora de Psicologia Clínica da PUC-SP
"Emoção não é doença. Depressão é, e precisa de tratamento profissional. Garantir que a pessoa em depressão consulte um psicólogo e um psiquiatra é fundamental", afirma Maria Rosa Spinelli, professora de Psicologia Clínica da PUC-SP. Ela explica também que, assim que a pessoa estiver medicada e em acompanhamento profissional, é importante evitar conflitos, mantendo a harmonia do ambiente e respeitar os estados que a doença impõe - como excesso de sono, apatia e choro frequente: "A pessoa em depressão precisa de companhia, não de alguém que fique cutucando a todo instante. É interessante considerar como um momento pós-cirúrgico, em que ela está limitada, mas precisa de acompanhamento, ajuda. Não de alguém que extrapole seus limites. Expô-la a situações em que ela não consegue lidar pode ressaltar as incapacidades momentâneas dela. Quando a doença é física, a gente consegue ver quais são os limites.
Com a doença mental não conseguimos.". Outra recomendação que faz toda a diferença é ouvir e acolher o que a pessoa está vivenciando sem julgamentos. Comentários que carregam um potencial de culpa devem ser evitados. "Olhe que dia lindo e você aqui deitado no escuro"; "Tanta gente queria ter a vida que você tem e você não dá valor"; " "Isso é falta de Deus/vergonha na cara/trabalho/pensamento positivo".
No livro "O Demônio do Meio-Dia", o escritor e jornalista Andrew Solomon narra sua luta contra a depressão, muitas vezes citando como se sentia diante da opinião e tentativas de ajuda de pessoas próximas: "Apenas um comentário foi realmente útil durante esse pesadelo. Uma amiga disse: ‘Não vai ser sempre assim. Veja se consegue lembrar disso. É assim neste momento, mas não vai ser sempre assim’.".
Precisando de mais caminhos para ajudar amigos, colegas e familiares com depressão? Aqui vão algumas dicas:
- Incentive e apoie o tratamento
Doenças mentais são carregadas de estigmas negativos que precisam ser vencidos. Como a professora Maria Rosa Spinelli disse acima, a depressão é uma condição clínica que precisa de cuidados médicos e psicológicos. Falar sobre doenças mentais é a melhor maneira de diminuir o tabu acerca delas. Além de garantir que seu amigo tenha acompanhamento profissional, incentive a tomar os medicamentos exatamente conforme foram prescritos e a seguir as sessões de terapia para ajudá-lo a lidar com as sensações que parecem fora do controle.
- Mantenha contato e ofereça ajuda
É muito comum que pessoas com depressão não queiram sair de casa, não tenham vontade de encontrar quem amam e, sob o pretexto de não querer incomodar ou até mesmo por vergonha, evitem pedir ajuda. Fique atento às ausências dos seus amigos e verifique se o isolamento está ou não atrelado a algum outro sintoma da doença. Caso a pessoa de fato esteja em depressão, não tenha medo de falar sobre. Mantenha contato frequente, mostre-se disponível para ajudá-la a encontrar o melhor caminho neste momento que requer tanta atenção e cuidado.
- Ouvir é mais importante que falar
Isoladas ou no meio da multidão, a solidão costuma ser muito frequente em pessoas com depressão. Então esteja aberto a ouvir sem julgamentos o que seu ente querido tem a dizer, abra esse canal de diálogo franco. Escute atentamente e responda conforme o rumo do papo - se não tiver nada para dizer, tudo bem, não diga nada, apenas esteja presente. Além disso, deixe as divergências de lado e, ao falar, aproprie-se de valores que são importantes para o outro; não se use como comportamento de referência e jamais minimize o que a pessoa sente.
É claro que nada substitui uma conversa com um profissional de saúde, mas ter alguém para compartilhar os sentimentos nesta fase tão confusa pode ser muito eficaz.
Nota de rodapé:
A depressão é uma condição médica que precisa de tratamento profissional. Se você se identificou com os sintomas citados acima, converse com um psiquiatra.