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ActionsA importância das relações para envelhecer bem
Os relacionamentos nos definem ao longo da vida. E cultivá-los pode ser um dos segredos para uma vida longa e com qualidade.
O ser humano é um animal social, como bem definiram pensadores como Aristóteles – e também como observamos em nosso dia a dia a partir das relações pessoais em casa, no trabalho, na escola e nos momentos de lazer. Ou seja, cultivar laços, contatos e amizades define quem somos como espécie e como indivíduos.
"Ao longo da vida, nós constituímos quem somos, sempre baseados em relações"
Explica o psicólogo Alberto Nery
"Ser humano é sempre transcender a si mesmo, se relacionando com algo externo", explica o psicólogo Alberto Nery, doutor pela USP e fundador do Instituto de Psicologia e Logoterapia, em São Paulo. "E o desenvolvimento saudável de qualquer ser humano depende de que ele aprenda a não voltar-se para si mesmo", completa.
Um estudo intitulado "Social relationships and mortality risk" (Relações sociais e risco de mortalidade) corrobora o discurso de Nery e demonstra que os relacionamentos são tão definidores do que somos que impactam nossa saúde. Cruzando dados de outras 148 pesquisas, envolvendo mais de 308 mil voluntários, o estudo indicou que pessoas com relacionamentos funcionais e estruturados têm 50% menos risco de morrer prematuramente do que indivíduos com baixa quantidade ou qualidade de relacionamentos.
De acordo com os pesquisadores das universidades Brigham Young e da Carolina do Norte (EUA), autores do estudo, esses números colocam a solidão – ou a falta de relacionamentos saudáveis – como um fator de risco de mortalidade comparável ao consumo de cigarro e de álcool e mais impactante do que o sedentarismo e a obesidade.
E tudo indica que esse efeito se dá porque os laços sociais funcionam como inibidores do estresse. É mais ou menos assim: numa situação de estresse elevado, uma pessoa com suporte de outras tende a avaliar o momento como se ele fosse menos estressante. No estudo, "Association of psychosocial risk factors with risk of acute myocardial infarction", (Associação de fatores de risco psicossociais com risco de infarto agudo do miocárdio), a pesquisadora Annika Rosengren, da Universidade de Gotemburgo (Suécia), observou que a ocorrência de ataques cardíacos em homens de meia-idade submetidos a mudanças drásticas na vida era menor em indivíduos que tinham apoio de outras pessoas.
Cozolino sugere que os idosos podem manter essas conexões se aproximando dos netos desde o nascimento, ajudando os filhos a cuidar deles, ou se alistando em projetos voluntários para se manterem ativos e em contato com novas pessoas, estabelecendo novos vínculos e beneficiando não apenas a si mesmos mas a sociedade como um todo.
Nery acrescenta à recomendação de Cozolino: "Ao longo da vida, nós constituímos quem somos, nossos valores, sempre baseados na relação com o outro. O indivíduo tende a buscar muita socialização na infância e na adolescência, mas tende a reduzir esse contato social à medida que envelhece. E isso não é positivo porque vai na contramão dessa necessidade humana de se relacionar com o outro".
Diante de tantos dados e depoimentos de especialistas, é possível afirmar, então, que manter relacionamentos é terapêutico, um remédio para viver mais e com qualidade de vida. Mas como fazer para ter acesso fácil a esse medicamento que não tem preço para o nosso bem-estar?
A tarefa não é fácil, já que, hoje em dia, viver em comunidade é remar contra a maré. Atualmente, 10,4 milhões de pessoas moram sozinhas no Brasil, de acordo com o IBGE – um aumento de 73,3% em comparação com a década anterior. Em outros países, a situação não é menos alarmante. Para remediar o problema no Reino Unido, foi criado o Ministério da Solidão, em 2018.
Ainda que haja países atacando a solidão com políticas públicas, há também dicas particulares para manter os relacionamentos em dia. Tudo se resume a gastar tempo com as pessoas com quem temos laços e a lidar com os inevitáveis conflitos de maneira construtiva, participando ativamente das relações:
Reserve tempo
Seja com o parceiro afetivo, filhos, família ou amigos, é importante tirar um tempo para conversar a sós, relaxados, e se divertir sem distrações
Seja presente
A vida anda tão ocupada que é comum estar no mesmo ambiente com outras pessoas mas não estar presente. Lembre-se disso quando estiver visualizando mensagens ou respondendo a e-mails no celular em vez de conversar cara a cara com quem está perto de você.
Demonstre apreço
Gestos simples reforçam a conexão com outras pessoas: palavras de agradecimento para um colega, um presente para um amigo, um carinho na pessoa amada, um abraço apertado nos filhos, são atos importantes para quem nos rodeia.
Saiba ouvir
Esse talvez seja o ponto mais relevante da lista, já que resume os três anteriores. Além disso, escutar o que o outro tem a dizer é uma forma de valorizá-lo e, ao mesmo tempo, uma excelente maneira de solucionar conflitos.
Aprenda a se comunicar
Se uma das partes – ou ambas – não sabe se expressar sobre suas necessidades ou tópicos importantes ou se não consegue ser respeitoso ao fazê-lo, o relacionamento sofre.
Peça desculpas e perdoe
Decepções e feridas sempre vão aparecer em qualquer relação. Assumir e pedir desculpas quando você causa o estrago, além de perdoar e seguir em frente quando é machucado é fundamental para manter os relacionamentos em pé em tempos difíceis.
Com essas dicas, envelhecer será um momento de criar boas relações e aproveitar a vida em sua plenitude.
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